Laguna Verde - Deserto de Dalí - Uyuni/Bolívia |
Relato e Vídeo do mochilão feito no mês de
Agosto/2012, pelos irmãos Jeferson Nascimento e Juan Nascimento.
"Tiramos varias fotos e cultivamos a amizade da maneira mais linda
possível, aquela sem malícias e sim com vontade de engrandecer o próximo, nem
que seja com o sorriso, tão raro nos dias das cidades."
Mochilando pela Bolívia e Peru
...De Corumbá até Machu Picchu via
terrestre...
...Preparação...
Viagem de grande significado, ou
melhor, um sonho, aquela viagem que pesquisei e planejei por mais tempo, com o
prazer e a paixão de me imaginar embarcando naquela que seria umas das maiores
experiências culturais que eu já tinha saboreado, pois, sou da América do Sul e
também latino americano, logo as nossas culturas ao mesmo tempo em que são
diferentes logo se cruzam em algum ponto.
As pesquisas começaram antes mesmo do meu primeiro mochilão em 2011, que por circunstâncias da vida me fizeram ir antes para o continente Europeu, fato que agradeço ao destino, pois, sem aquela experiência a viagem seria diferente, não estou falando que seria pior, apenas diferente.
A decisão de quantos dias teria de férias do serviço e a negociação com meu irmão, me obrigaram a decidir que seria Bolívia, Peru e alguns locais teriam que ficar para um próximo mochilão, teríamos que fazer em 20 dias. Por isso de cara já verifiquei que seria necessário utilizar o avião para o transporte até CORUMBÁ e a volta de Lima ou La Paz, que de ônibus seria 18hs, assim ganhamos mais de três dias para mochilar.
Iniciei as pesquisas de passagem de avião e o que precisaria para entrar na Bolívia e Peru, logo, lembrei-me da vacina de febre amarela, como disse já pesquisava há um tempo o roteiro, acabamos indo na rodoviária do Tiete em São Paulo e tomando sem problemas, porém, não davam o certificado Internacional que é fornecido no Aeroporto de Guarulhos, aonde consegui com a ajuda da minha mãe, afinal estavam em greve e só atenderam por causa de ser idosa. Desta forma saímos com as carteirinhas internacionais prontas e mais um obstáculo vencido.
A vacina contra a Febre Amarela é obrigatória para entrada na Bolívia e Peru, portanto, pesquise no site da ANVISA o ponto mais perto da sua casa, costuma ter em aeroportos e não se esqueça de solicitar a carteirinha internacional, será solicitado algum comprovante (Passagem, Reserva...), se tiver leve, caso contrário vá mesmo assim e insista. É necessário tomar com 15 dias de antecedência.
Caso não tome no tempo certo, ou não
tome a vacina, será mais uma forma de extorquírem você.
Orientações da ANVISA sobre a Febre Amarela e
procedimentos: http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Cidadao/Assunto+de+Interesse/Certificado+Internacional+de+Vacinacao
Após conseguir a carteirinha da febre
amarela, consegui a passagem de São Paulo – Guarulhos para Corumbá por um preço
de R$250,00 por pessoa pela TAM, sendo um local de poucos voos diários acabou
sendo uma pechincha, agora o retorno se tornou um dilema e acabei demorando
mais para comprar porque não encontrava um bom valor, acabei comprando a volta
da Bolívia - La Paz que não era bem a intenção mais foi a melhor opção que
acabou saindo por R$1000,00 por pessoa pela LAN, a ideia de utilizar o avião
era fundamental na ida e volta, ou teríamos que tirar outros roteiros que não
queria perder já que estava lá. Acabou dando na mesma voltar de La Paz ou Lima
e qualquer outro lugar, você pode até sair do aeroporto para passear, mas na reentrada ao aeroporto é
cobrado no mínimo 100 dólares, logo não vale apena para ficar poucas horas na
cidade. Sobre esta taxa, eu digo que um dia chegaremos nos padrões
Europa de Aeroportos!
A moeda local na Bolívia é o peso Boliviano e no Peru o Nuevo Soles Peruano, consulte os valores das cotações em http://economia.uol.com.br/cotacoes/, de preferência ao dólar, afinal sempre terá boa aceitação e melhores cotações no cambio negro, caso o dólar esteja com valores muito alto, leve o Real que também é possível trocar, os valores vão variar conforme as cotações, portanto não vou adicionar para que você pesquise isso, ou terá grandes diferenças.
Atenção para fazer o cambio nos países da América Latina, tente trocar somente quando você for trocar a nota inteira, ou seja, troque uma nota de 100 dólares e não pegue troco em dólares pegue somente a moeda que queira, o porque, é que o troco em dólares ou real você não conseguira reutilizar em outro país ou cambio, somente no cambio negro daquele pais, devido a rasuras, riscos, rasgos, notas velhas e carimbos feitos nos trocos em dólares e reais. Portanto caso precise de pouco, leve alguns reais que a cotação é mais baixa, por exemplo, 50 reais e não pegue troco em reais, evite ou poderá perder a nota.
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...Vamos...
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Avião de Campos Grande até Corumbá. +Sempre Mochilando |
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...Inicio do Mochilão...:
Saída de São Paulo – Guarulhos rumo
Corumbá de avião com escala em Campo Grande no Mato Grosso do Sul, aeroporto
bem pequeno, embarcamos em um avião que não tenho o talento de
conhecer os modelos de aeronaves, mas era um muito teco - teco que tinha o
contraste do serviço de bordo e vários senhores de idade indo fazer os pacotes
turísticos de pescaria no Pantanal, bem exótico o inicio.
Chegamos a Corumbá por volta das 17hs, horário que já começava a ficar ruim para passar na fronteira, porém não queria passar a noite em Corumbá, quero voltar em uma data com mais tempo para conhecer o Pantanal, assim chegamos e já sai em busca do transporte rumo à fronteira com a Bolívia, não tinha opções no aeroporto que é muito deserto, acabamos fechando com um taxista que era o único que tinha sobrado era aquilo ou ficar lá sem opções fechamos por 30 reais até a fronteira um pouco caro, o normal seria uns 20 reais, mais o senhor foi super legal. Chegamos ao posto brasileiro da imigração para registrar saída, com uma bela infraestrutura e funcionarias muito bonitas, super tranquilas registramos a saída e nem tiramos as mochilas, a exceção foi a cara de espanto que as agentes fizeram parecia que a gente era meio maluco em fazer aquela rota, logo entendemos.
Quando saímos para entrar na Bolívia não conseguíamos ver o posto de imigração, então caminhamos e quando fizemos uma pequena curva entendemos a cara de espanto dos agentes federais no posto brasileiro, era um lugar amarelo devido às ruas de terra, sim é a cidade Puerto Quijaro, com posto de entrada caindo aos pedaços, realmente assustador a primeira vista, mas já estávamos lá e não era o primeiro mochilão das nossas vidas então trocamos algumas ideias do assustador que era aquele visual, de cabeça abaixada porque tinha um soldado de olhos na gente e seguimos, entramos na porta ao lado do soldado com uma metralhadora e seguimos até a mesa com três funcionários e um computador dos mais antigos que já vi, ele nos entregou uma ficha e mandou preencher, me posicionei perto de uma senhora local (Chola) que também estava fazendo o procedimento embora estivesse saindo, o meu sentimento era precisamos sair de dentro deste posto de imigração o mais rápido possível, afinal, os conselhos nas pesquisas que fiz é que os militares são os maiores inimigos dos mochileiros, porém, não tivemos problemas, apresentamos a carteirinha de febre amarela internacional e preenchemos a ficha solicitada aí não tiveram como nos extorquir, tentam disfarçar que não estão de acordo com alguma coisa, mas mantenha a postura e só faça ou fale algo se o solicitarem, assim como em todas as imigrações do mundo.
Taxista em Puerto Quijaro - Bolívia +Sempre Mochilando
Carimbaram o meu passaporte e do meu irmão e ainda ficamos com um papel que de cara percebi que não poderíamos perder, também compreendi a lógica da polícia, o cara vem de passaporte mesmo assim tem que andar com um papel igual quem está com RG (Registro de Identidade), assim a possibilidade dele perder é maior, aí o extorquímos, afinal, ele está passeando. Então fica a dica não perda o seu papel assim como o documento que registrou a entrada (Passaporte ou RG).
Eu sempre levo em mochilões internacionais o porta dólar que é imperceptível aos ladrões e muito bom para guardar o passaporte, evite andar com carteiras ou atrairá bandidos até mesmo em lugares onde é raro ser assaltado! Se possível leve dois (um de reserva) e não se esqueça de sempre (sempre, sempre e sempre) levar com você o porta dólar até mesmo no banheiro!
Após está reflexões que serviram nas imigrações da Bolívia e Peru, saímos da imigração e pegamos um táxi, outra dica é sempre fechar o preço antes de entrar no táxi nestes dois países. Ficou 5 reais para ir até a estação de trem de Puerto Quijaro, como é uma cidade na fronteira com o Brasil aceitam em reais.
Por volta das 18hs chegamos na estação e queríamos sair naquele dia no trem da morte rumo a Santa Cruz de La Sierra, conseguimos no Trem mais confortável e rápido de 12 horas, porém, pagamos muito mais caro cerca de 60 reais, tinha ar condicionado, cobertor e jantar, muito bom. Estávamos ali para conhecer os lugares as pessoas e não um trem caindo os pedaços, que demora 18 horas e cheio, que não é novidade pra quem mora em São Paulo, por isso fomos logo no trem confortável.
Trem da morte, versão Luxo +Sempre Mochilando
Na estação conhecemos três mochileiros Adam, Gian e Rodrigo do Mato Grosso do Sul da cidade de Naviraí, por motivos que não se explica estávamos com os mesmos planos e dias para utilizar, ali iniciamos a amizade e o grupo que permaneceu junto até Cuzco, portanto não éramos mais dois e sim cinco.
Porém antes formar o grupo
conhecemos o Davi no trem, um jovem muito bacana e amigo, conversamos um pouco
e no final da viagem convidou para a gente passar o dia na republica onde ele morava
com mais alguns estudantes de Medicina igual a ele, como ele sabia do nosso
roteiro sabia que o convite seria em ótimo momento porque queríamos chegar em
La Paz o quanto antes por causa das varias opções que teríamos de conhecer
lugares. Então esperamos o taxista amigo de Davi que no inicio não vou negar
ficamos com muito medo, porém, decidimos aceitar e ir. Logo o Sand chegou o
taxista amigo dos brasileiros e muito gente boa, quando chegamos a casa fomos
muito bem recebidos pelos moradores da casa em especial os nordestinos Renato e
Anderson, logo, entendemos que Deus faz coisas que não conseguiríamos explicar,
uma das melhores coisas da viagem foi conhecer pessoas tão legais, os
brasileiros estudantes de medicina tornara-se meus amigos dali para a vida
toda. Tomamos um banho eles fizeram um bom almoço e partimos para rodoviária
porque já tínhamos comprado a passagem em conjunto com os Amigos de Naviraí
para as 17hs rumo a La Paz de ônibus, tentamos pagar mais os brasileiros
moradores de Santa Cruz de La Sierra não aceitaram, era de se esperar, pois os caras
são pessoas muito gente boa, realmente indescritível.
Renato, Anderson, Davi e Juan(meu irmão), amigos moradores de Santa Cruz de la Sierra - Bolívia +Sempre Mochilando
O Davi nos ajudou a fazer o primeiro cambio da viagem, feito com um homem que estava parado na saída da estação com um bolo de dinheiro, foi tranquilo a utilizamos normalmente o dinheiro depois.
Seguimos de ônibus (Bus cama) em uma viagem de 18 horas, muito longa e que nos leva para uma região totalmente diferente, ali estamos no altiplano Boliviano perto das montanhas em um dos climas mais difíceis de viver, no período que viajamos de inverno é grande o frio, o sol queimando sua pele e a aridez (ar seco) em ambiente acima dos 3600 metros do mar. La Paz é a capital mais alta do mundo e um visual totalmente novo para os cinco mochileiros, está dentro de uma cratera onde o ônibus sobe a montanha por toda a madrugada com todas as curvas, velocidade, buzinas e medo de quem estava dentro, eu dormi muito pouco porque o medo era maior não tenho duvidas, meu irmão quase foi discutir com o motorista, mas nos dias seguintes perceberíamos que é o estilo de direção inerente ao boliviano e peruano.
Cidade de La Paz - Bolívia +Sempre Mochilando
Logo cedo chegamos a La Paz e nossa que frio era aquele muito cedo e muito frio, o choque foi imediato para meu irmão que nem imaginava como seria, como eu já tinha conversado bastante com amigos que tinham feito este roteiro já sabia o que esperar quando descesse do ônibus, aquele visual de casa sem acabamentos uma em cima da outra pelas paredes da cratera que estávamos dentro, o visual é muito diferente, pra mim não foi de assustar, mas ouvi galera onde estão os canivetes de vocês, deixem fácil, foi prontamente ouvidos por todos, que apesar de não ser um visual diferente do que esperava, era de um país visivelmente com sérios problemas ecônomicos. Entretanto começamos a ver algumas mochileiras andando tranquilamente, então já tratei de perder o medo e procurar um taxi para perguntar quanto ficaria até os albergues, ficou cerca de 20 pesos bolivianos dividido para os cincos, muito barato, com muito frio, com os mochilões e mochilas e muito cansados foi a melhor opção.
De pronto o taxista entendeu a nossa linguagem quando falamos Hostel Loki, quando chegamos descobrimos que o Hostel Wilde Rover era muito próximo (na rua de cima a uns 500 metros), não tínhamos reservas e os dois albergues estavam lotados teríamos que esperar até à tarde para liberar vagas e ficaríamos separados, então deixamos no porta bagagens do Loki nossos mochilões e fomos pesquisar, encontramos o Hostal República que fica em frente ao Wilde Rover e teria o quarto para seis dos quais ocupamos cinco camas, bom albergue com ducha quente e confortável, porém não se tem o mesmo intercambio cultural que no Loki ou Wilde Rover por estarem sempre cheios de mochileiros.
Tiramos do deposito do Loki e jogamos nas camas do Hostal Republica e partimos para ver se teria como irmos para a Estrada de Le Muerte, Monte Chalcantaya e Salar de Uyuni, pesquisamos e como padrão não se embase somente em dinheiro para fazer suas escolhas, ou sentira as diferenças na própria viagem pelo menos na Bolívia e Peru, tive contato com outros brasileiros que fizeram os pacotes a um preço às vezes com pouca diferença (+/- 30 Reais) e tiveram experiências bem desagradáveis nos passeios, portanto, vá ao que te passe mais confiança, escolha uma loja de boa aparência e assim o fizemos, pesquisamos e contratamos pela agencia do próprio Hostal que ficava do outro lado da rua, a diferença não era tão grande de valores, o que não nos deixou de ter surpresa em um dos passeios. Fechamos para ir a Estrada de Le Muerte de Mountain bike, Monte Chalcantaya com Valle de La Luna de van e Salar de Uyuni três dias e duas noites com tudo incluso, exatamente nesta sequência.
Catedral de La Paz +Sempre Mochilando
Pra mim a gripe que senti os sintomas no aeroporto de Campo Grande ainda no inicio do mochilão, com os calafrios nas costas e febre, estava no seu auge que depois da chegada em La Paz a 3600 metros acima do mar e com temperatura pela manhã em 0ºC, ficava cada vez mais encorpada e difícil de combater, levei remédios mais levei um contra gripe que nunca tinha usado e me arrependi muito, porque o mesmo não fez efeito, por isso leve sua bolsa de remédios e remédios que seu corpo reage bem.
No dia seguinte da chegada levantamos cedo para ir ao Down Hill mais perigoso do mundo na estrada da morte, a Van pegou a gente no albergue onde conhecemos mais dois brasileiros um Mineiro e outro de Avaré-SP, tinha uma galera da Bélgica também que não queria muito papo. Chegamos ao topo de uma montanha que a van percorreu, desceram as bikes e equipamentos, foram dando orientações da descida com a mensagem segurem a onda ou vão se ferrar, não ultrapassem o instrutor seguido pelo ritual a Pacha Mama que todo mundo da um gole na garrafinha de álcool, isso mesmo, álcool puro, você só descobre quando experimentar, até aí pensei a deve ser uma descida tranquila e devagar, então os equipamentos seriam suficiente, mas quando fizemos a primeira parte no asfalto descendo dos 4000 metros de altitude com um frio insuportável percebi que os equipamentos seriam o vilão, pois, tínhamos capacete simples e deveríamos estar com capacetes de motos, joelheiras e cotoveleiras. Acabei confirmando quando vi um brasileiro caindo na parte de asfalto e ralando o rosto, se estivesse com o capacete adequado não aconteceria, logo percebemos que as coisas realmente são nas coxas, imagina se escolhêssemos uma opção mais barata ainda, então atenção na escolha e de preferência para uma agência que forneça o capacete de moto, joelheiras e cotoveleiras.
Se preparando para descer a Estrada de la Muerte... +Sempre Mochilando
O asfalto tinha muito granizo com o visual a sua direita do barranco e a esquerda os carros pedindo passagem, um visual simplesmente lindo, as montanhas misturadas às estradas fazem um lugar singular e perigoso ao extremo.
Subimos novamente na van por um local que não é permitido andar de bike e em poucos minutos chegamos à estrada da morte mesmo onde é de terra e pedras enormes, no inicio já percebemos que a lição de moral do guia para não passar ele, era mais brincando com a nossa cara porque o cara vai a um ritmo mega frenético, que eu com a minha gripe no auge naquela variação de temperatura de descida de monte comecei a ficar cada vez mais pra trás, ainda mais com a minha magreza que precisava pedalar na descida ou o vento literalmente me parava, o vento não tem piedade cortando tudo que está desprotegido.
O visual da estrada da morte realmente você não encontrará em outros lugares, ao mesmo tempo em que você olha pra esquerda tem uma mega ribanceira que se pode ver toda a descida, as pedras fazem os amortecedores das bikes trabalharem em seu limite e com o acréscimo dos carros que sobem e descem aquele lugar já estreito por causa da natureza fica muito tenso e emocionante, realmente umas das experiências de aventura mais loucas do mundo, ali você sabe que está limitado a não errar que caso aconteça que seja a queda para o lado esquerdo, provavelmente não conseguira segurar e deslizará pelo barranco a baixo. Segundo dados oficias acontece a morte de uma pessoa por ano naquela descida, portanto, não se empolgue com a velocidade se limite a natureza que na verdade é impar, presenciamos ver a queda de outro brasileiro por afobação, a sorte é que ele caiu para o lado direito (da parede) e só teve alguns ralados.
Parada para foto na Estrada de La Muerte. +Sempre Mochilando
No final da descida estará próximo dos 2000 metros de altitude e em um clima quente e bem diferente de cima quando se inicia a pedalada, terá uma parada no rio para tomar banho, toda galera aproveitou, por causa da gripe não ousei tirar a camiseta e levar a combinação vento e água gelada nos pulmões, mais aproveitei para subir antes para o almoço junto com um dos guias o Wiliam que é Engenheiro Mecânico e muito gente boa e hablamos muito sobre a vida, política, empregabilidade e América Latina, na volta nos disse que trabalhava em uma empresa de exploração de minério onde não viu boas coisas e bons exemplos e preferiu mudar de vida e profissão.
Na volta a empresa que fizemos o passeio a Barracuda é a única que faz a volta pelo mesmo caminho, ou seja, subindo com as vans pela estrada da morte que a apesar do visual nos permitiu mais algumas fotos além das que já tínhamos tirado nas paradas da descida. E pra falar a verdade a sessão de adrenalina não terminou, pois, da muito medo subir naquelas vans com pneus de moto, mas tudo deu certo.
Visual de dentro da Van da Estrada de La Muerte. +Sempre Mochilando
Chegamos exaustos depois de pedalar uns 60 km, eu não tive pique nenhum para tomar cerveja e ficar acordado no albergue ao lado onde sempre rola um agito (Hostal Loki e Wilde Rover), muito pelo motivo da tal gripe com febre que a noite piora então preferia comer que no período noturno era sempre lanche, tomar uma ducha, tomar remédio e ir para a cama assim conseguia resistir aquele clima de frio, com sol, árido, em altitude e poluído tudo ao mesmo tempo, afinal, La Paz está dentro de uma cratera que com a soma do clima do inverno, carros antigos e muitas ladeiras se torna muito poluída e de ar raro.
Na manhã do dia seguinte já estávamos de pé para o próximo passeio, que desta vez seria conhecer o famoso e de fácil acesso Monte Chacaltaya onde conhecemos o Eduardo, a Mariane e o Wiliam todos do Sul do Brasil, galera super gente boa e simpática. Fomos até a base do Monte de Van por uma estrada estreita e perigosa para variar um pouco, imaginei que seria super tranquilo, mas a gripe e o frio unido ao vento estavam contra que quase me fizeram descer no inicio da ladeira, que apesar de tirar o fôlego é curta, pois, tem um atalho na frente que deixa muito mais prática a subida, depois desse ponto o meu nariz parecia um rio de cátaro que cena engraçada e nojenta. Um dos meninos que estavam com a gente passou muito mal nesta subida e desceu rapidamente porque estava com gripe e o outro nem subiu devido problemas intestinais devido a ingestão de folhas de Coca, que vou se bem claro, não faça isso apesar da tentação, não engula as folhas e se o fizer irá passar muito mal provavelmente, cuspa as folhas assim como todo mundo faz. Vimos à galera que está treinando para escalar os outros picos dos Andes Boliviano, eles não usam o atalho e segue na inclinação com os seus equipamentos e toda a coragem que realmente é encorajador, vi senhores e senhoras já de idade avançada fazendo a aclimatação, uma lição de vida.
Visual no topo do Monte Chacaltaya. +Sempre Mochilando
Eu consegui permanecer até limite de tempo estipulado, porque queria contemplar aquele visual muito lindo e diferente de tudo que já tinha visto, dessa vez era aos 5.395 metros de altitude onde tinha minha nova concepção do que era estar no cume de uma montanha, realmente a sensação é muito boa, mesmo com o vento que cortava o meu rosto, a natureza demonstra o tão pequeno que somos o tempo inteiro e mesmo assim só percebemos quando somos inseridos nas suas entranhas.
Vale ressaltar que o degelo das montanhas dos Andes é preocupante para a manutenção de vida humana na terra, caso isso interesse a alguém precisamos começar a agir com respeito e entendimento dos nossos recursos naturais, pois nossa sobrevivência depende disto, afinal, a história do mundo (Planeta Terra) já demonstrou que não conseguiremos nos salvar sem a manutenção de tal natureza!
Vou abrir um parêntesis aqui para falar das folhas de Coca, que sem elas provavelmente não teria a energia para fazer a Estrada da Morte e o Monte Chacaltaya, como já disse estava muito gripado e a folha foi fundamental para o aumento de força, estabilizar o mal estar e dores de cabeça da altitude.
Na volta do passeio ao Monte Chacaltaya tem a visita ao Vale da Lua, é uma formação rochosa em La Paz mesmo, muito interessante e assim como as digitais não encontrará iguais, apenas parecidas, vale a pena conferir!
Vale de la Luna em La Paz - Bolívia +Sempre Mochilando
Na mesma noite partiríamos para a cidade de Uyuni de Ônibus como acertamos anteriormente, ficou corrido, mas teria que ser assim para encaixar no planejamento de vinte dias. Então chegamos, lanchamos, tomamos uma ducha em seguida partimos de taxi com todas as mochilas para o rodoviária que ficou por não mais de 25 bolivianos para os cinco.
Compramos algumas bolachas e água, que como já disse algumas vezes o clima é árido então terá que dobrar a ingestão de água caso queira seguir viagem. Seguimos para o ônibus turístico que de turístico só tinha os passageiros, se tratava de um bus caindo os pedaços e com as janelas batendo incessantemente, naquelas estradas de terra rumo ao Uyuni na longa pra mim viagem de 10 horas, foi acordado que conferi os roncos e os sinais de quase todos do ‘nem to ouvindo nada’, enquanto eu fiquei em claro provavelmente a maior parte do caminho, mas eu sabia que valeria muito a pena.
Na chegada por volta das seis horas da manhã que mesmo sem dormir eu rezava para não ser naquele momento o ponto final, o motivo era sentir aquele vidro do ônibus trincando de gelado e me imaginar saindo ali naquele frio de matar, onde mesmo dentro eu usava todas minhas blusas de frio, luvas, cachecol e toca para me proteger. Por fim era mesmo o ponto final e então estávamos na cidade de Uyuni, descemos e senti ali aquele que pra mim foi uma das maiores sensações de frio da minha vida, nossa eu tremia todas as partes do corpo e para piorar ficamos ali parados esperando pra ver se alguém chegava, afinal, já tínhamos fechado o pacote e por fim chegou uma senhora chamando o nome de um de nós para um abrigo para ir tomar o café da manhã (desayunar) antes da partida, disfarçamos um pouco e fomos correndo atrás dela para sair logo da rua e daquele frio. Mesmo com a sensação de medo, afinal, parecia uma cidade abandonada seguimos para ver o que nos esperava, assim chegamos ao local que era confortável, com comida, televisão, os donos muito simpáticos e mais alguns brasileiros, todos do Rio de Janeiro que estavam aproveitando a greve das Universidades Federais do Brasil para esticarem as férias por todo o mês de agosto, tinham um plano que era o meu de inicio mas logo percebi que não teria tempo para tanto, então dividi o meu trajeto para dois mochilões de 20 dias, esse sendo o primeiro que englobaria de Corumbá até Machu Picchu o segundo para outra viagem, porém, os cariocas pretendiam fazer em um só trajeto levando um tempo de 40 dias onde era incluso as cidades Arequipa(Bol), Deserto do Atacama(Chi), Villazon(Bol), Salta(Argentina), Clorinda(ARG), Assuncion(ARG) , Ciudad del Este(PAR) e Foz do Iguaçu(Bra), fiquei entusiasmado por eles e mais motivado para continuar a nossa viagem e lógico fazer em outro momento este roteiro que já almejava a tempos.
Chegada na cidade de Uyuni. +Sempre Mochilando
Logo fomos até aonde sairia o carro 4x4, era na mesma avenida da lanchonete agradável, conhecemos a loja (agência) que tinha uma funcionaria muito legal e alguns gringos que discutiam que queriam fazer o trajeto inverso para ver a Laguna Verde em sua com verde, muito estranho mais a Laguna só têm está tonalidade à tarde por causa do aumento da ventania, não sabíamos, mas por sorte ou por um papo mais amigável conseguimos sem pagar nada a mais e sem dificuldades com o motorista, guia, cozinheiro e amigo Reinaldo. Embarcamos e conhecemos a Tânia, Professora que estava fazendo o Mochilão sozinha pela Bolívia, muito legal e agradável, assim tínhamos a companhia de uma mulher, ou seja, tínhamos que nos comportar bem, o bom é que deu tudo certo e nos tornamos amigos muito felizes por estamos juntos no mesmo Mochilão, afinal, já disse que tem coisas que não consigo explicar e a maior parte das faltas de respostas viram de como o destino nos aproximou de pessoas tão bacanas em um mesmo momento.
O carro é grande e tinha a Tânia na frente, três nos bancos do meio e mais dois nos bancos dos fundos, fomos revezando porque os dos fundos eram mais apertados, mas foi tranquilo estávamos confortáveis, os mochilões foram à cima do carro amarrados e cobertos com lonas. Na primeira parada conhecemos e cemitério de trem, faz bem o estilo de cidade abandonada com maquinas do passado paradas como um grande cenário de cidades do velho oeste americano, um visual muito bacana para tirar fotos, ali está uma linha de trem desativada e vários vagões também desativados com visual ao fundo da cidade de Uyuni. Na chegada ao cemitério de trens vários carros com mochileiros do mundo inteiro ali param para iniciar os tours que variam, de 1 a 3 dias, no nosso caso teríamos mais 3 dias de descobertas.
Cemitério de Trens na cidade de Uyuni - Bolívia. +Sempre Mochilando
Saindo do cemitério o roteiro vai direto para o Salar de Uyuni que é deslumbrante e infinito para nossos olhos, ou seja, é magnífico e esplêndido sendo o cenário das mais variadas invenções de fotografias artísticas, de espontaneidade e futurística, o visual é dos mais belos da minha vida, com os montes de Sal acumulados esperando o consumo mundial pelas suas riquezas em contraste com o trabalho humano em climas hostis, pois, ali o Sol está queimando sua pele, com adição do reflexo letal para vista, o frio e a ventania cortando seu rosto exposto, levando o humano a duvidar de viverem ali todos os dias pessoas cavando aquele combustível do nosso mundo.
Salar de Uyuni +Sempre Mochilando
Não tinha uma bela câmera então decidi fazer a fotografia sem os óculos escuros, me esquecendo da alta sensibilidade que tenho até com água do mar, acabei com uma crise de lagrimas e correndo para o carro quase não enxergando nada o que só parou com a limpeza com uma camisa dentro do carro e com uns minutinhos para normalizar a irritação, mas vou avisando não arrisque ficar sem os óculos, pois, o reflexo do sol é muito forte. Para ter uma ideia o Salar de Uyuni foi utilizado pelos astronautas na viagem para a Lua como referência devido ser o ponto mais brilhante da terra. Então caso queira umas fotos bem maneiras leve uma câmera no mínimo semi-profissional, apesar de ter aproveitado muito por já ter uma experiência em fotografia, mesmo com minha humilde câmera.
Parada no Salar de Uyuni na ilha de Cactos +Sempre Mochilando
Mais sobre o Salar de Uyuni na matéria que publiquei clicando aqui.
Voltamos para o carro e chegamos a um
ponto de parada no Salar mesmo, onde o Reinaldo nosso condutor fez o almoço e
nos servimos com ajuda de uma pequena sombra de uma casa feita no meio do Sal,
a comida era muito boa tinha macarrão, frango assado (pré-pronto), tomate,
fruta e refrigerante tudo muito novo e com ótimo sabor e de muita qualidade
foram umas das melhores refeições do mochilão, sendo um dos motivos que pagamos
um pouco mais nesse pacote o que realmente aconselho a todos, pois, se come o
que se paga na Bolívia e Peru. Depois seguimos para uma parada em um vilarejo
que tinha alguns artesanatos para vender e um banheiro com buraco no chão bem
primitivo. Na Bolívia apesar de considerar o Reinaldo meu amigo ele
provavelmente não pensa o mesmo, não por culpa dele mas na sua grande maioria
os bolivianos são muito tímidos e reservados, de cultura indígena originária
representando 80% da nação sendo o maior país indígena do mundo na atualidade, podemos verificra na prática com a relação pouco intima com os estrangeiros, apesar
de serem extremamente educados e humildes não espere grandes conversas com a
grande maioria, é lógico com as exceções, exemplo é o Sand e a Maria que no
decorrer da história são personagens. Digo isso porque a negociação é difícil, afinal, na
Bolívia tudo é muito barato sem exceções, muitas vezes não tive coragem de
pechinchar de tão barato que estava e com o coração mole que tenho não resistia
ao ver situações de pobreza extrema e acabava comprando muitas vezes por um ou
dois pesos a mais, porém era consciente, mas cada pessoa tem sua forma de agir
com essas tristes realidades sociais.
Voltamos para o carro e entramos no deserto onde a natureza se transformou de sal para areia e pedra com pouca vegetação, passamos por formações rochosas e vulcânicas muito diferentes e permanecemos mais ou menos 6 horas no carro até chegarmos onde seria a nossa primeira noite de sono, o Guia, Motorista e Cozinheiro Reinaldo nos informava por onde passávamos com tudo que nos cercava e outras informações que era solicitado, a galera que conhecemos disseram que estavam em carros super lotados e o guia não falava uma palavra, no nosso caso foi diferente e não temos do que reclamar, inclusive temos a elogiar.
Dormimos no famoso hotel de Sal, realmente é muito bacana e feito nos mínimos detalhes, com enfeites e cadeira talhados no sal. O vilarejo que dormimos parecia uma cidade fantasma, saímos para andar e nada de pessoas, fizeram o jantar que estava bom, saímos para visualizar o céu e vimos o mais limpo que já tinha visto até ali, realmente não acreditei quando olhei na quantidade de estrelas e detalhes do espaço, impressionante só por aquele visual já valeu a pena à viagem, parecia que alguém tinha feito aquelas estrelas com alguma canetinha e saiu desenhando varias sem perceber a quantidades das incalculáveis que ali já tinha, ali nos deparamos com a grandeza do Universo novamente.
Hotel de Sal no Salar de Uyuni - Bolívia +Sempre Mochilando
O Reinaldo nos avisou que no outro dia acordaríamos muito cedo, e assim aconteceu, pois, o mesmo nos despertou e tomamos café da manhã com direito a chá e bolachas, colocamos as Mochilas no bagageiro no teto da caminhonete e partimos. Ao longo do dia tem mais paradas para tirar fotos e para utilizar os sanitários, diga-se de passagem, são muito sujos mesmo sendo pagos no sistema multi tributável, afinal, você paga um acesso ao parque (Deserto) e paga caso queira utilizar os sanitários, com exceção dos hotéis onde dormimos.
Jeferson Nascimento, Juan Nascimento e que visual! +Sempre Mochilando
Deserto de Dalí - Uyuni/Bolívia +Sempre Mochilando
Os visuais mantém o que já foi dito, o que não os minimiza, mas sim os engrandecem cada vez mais, de uma Bolívia fragilizada economicamente que em contra partida tem na natureza tudo que impressiona e a magnífica, afinal, tal natureza como é peculiar da mesma não se repete, portanto os visuais ali vistos são únicos.
Gêiser
Vulcânicos - Deserto de Dalí - Bolívia +Sempre Mochilando
No 2º dia visitamos os Gêiser Vulcânicos que é sensacional ver aquela força vinda das entranhas da terra disparando os jatos de enxofre incessantemente. Porém a visita e permanência por vários minutos só foi possível porque nos antecipamos aos outros turistas, ao permanecemos um período maior na estrada, dando assim a possibilidade de chegarmos pela tarde do segundo dia nos Gêiser que pelos outros turistas só é feito na madrugada do terceiro dia, onde o frio é insano limitando naturalmente a visita há poucos minutos. Mas no nosso caso mais uma vez foi diferente.
Ainda no 2º dia o Guia irá propor em permanecer mais horas na estrada e dormir em um local mais longínquo, mas em contrapartida conseguir ver a Laguna Verde em sua cor esverdeada que só é possível pela tarde, assim aceitamos e conseguimos o que os americanos estavam brigando para conseguir na saída, sem precisar brigar, afinal, não precisávamos fazer o caminho ao contrário, bastava um pouco de dialogo para conseguir. A Laguna Verde com certeza é a mais bela de todas as lagunas que passamos, realmente é linda, e na sua cor esverdeada da um convite ao mergulho pela foto, mas não acredite que é possível, pois, cada Laguna tem combinações químicas naturais que não possibilitam os mergulhos segundo a orientação do guia e o frio do inverno desencorajador até dos mais loucos. Para ver na sua cor esverdeada tem que conseguir chegar no período da tarde como conseguimos utilizando o segundo dia mesmo, mas a grande maioria dos guias preferem fazer na madrugada e ficando em locais provavelmente mais baratos, assim não é possível ver a Laguna na cor verde e a região dos Gêiser Vulcânicos também com uma temperatura mais amena.
Laguna Verde - Bolívia +Sempre Mochilando
Nosso descanso na 2º noite seria em uma pousada no alto da Laguna Verde a mais de 4000 metros de altitude, a menos de 30 kilometros da fronteira com o Chile, o local era super agradável, mas com as peculiaridades de não ter banho inerente do deserto que prontamente foi substituído por lenços umidecidos que levamos do Brasil, aqueles de limpar bebê mesmo, depois do jantar a cada abertura de porta do senhor que trabalhava na pousada sentíamos que não era possível tanto frio, após um belo jantar com direito a coca cola e vinho fomos dormir, onde entendi como é dormir em altitude, ainda com a gripe que estava me assolando desde o primeiro dia de viagem que os remédios pareciam nem fazer efeito, passei a noite acordando com falta de ar, onde eu mesmo passei a ficar assustado com aquela falta de ar, mais tentei não assustar ninguém, ainda mais porque a Tânia não estava passando bem desde quando dormimos no Hotel de Sal, que fez mal a sua pressão devido a quantidade de Sal diluída no ar que estávamos respirando, afinal até mesmo o chão era totalmente de Sal. Assim consegui cochilar mais sabia que sairia totalmente quebrado e cansado daquela difícil noite.
No terceiro dia também acordamos muito cedo, partimos e percebemos que não só eu e a Tânia que tinha sofrido para dormir, mas toda aquela natureza, afinal o tonel de água mostrava a água congelada de quando estava pingando.
No ultimo dia ainda iríamos passar pela piscina thermal, fomos até lá onde o pessoal tomou banho ao ar livre em uma piscina, está foi projetada para que a água quente vinda do subterrâneo próximo ao vulcão a exala em temperatura ideal para o banho, eu acabei não me dando o luxo, afinal tive medo da ventania em contato com meu corpo molhado e gripado, assim poderia acabar com o resto da trip que tinha o objetivo de ir até Machu Picchu.
Na fronteira Bolívia X Chile +Sempre Mochilando
Passamos o 3º dia quase inteiro dentro do carro no trajeto de volta, parando na fronteira com o Chile onde a nossa amiga Tânia ficou aguardando o transfer para o Deserto do Atacama, onde tiramos varias fotos e seguimos viagem rumo a piscina thermal, almoço e visitação das ultimas formações Vulcânicas, que foram as formações mais impressionantes, ainda vimos na última parada o Reinaldo auxiliar um amigo a trocar o pneu da caminhonete, fizeram com a ajuda dos outros guias em impresionantes menos de 20 minutos, muito bacana o companheirismo dos bolivianos.
Na chegada novamente na cidade Uyuni após 3 dias pelo deserto Boliviano e muitos visuais, tiramos uma foto do Reinaldo que já era nosso amigo, estávamos aliviados de estar próximos de um banho, pelo menos pra mim que não tomei banho na piscina thermal, já tínhamos o ticket de volta no bus para La Paz já incluso, então minha preocupação era tomar banho e comer, missão fácil para mochileiros.
Encontramos um local para tomar banho, o preço era irrisório, tinha vários chuveiros e água quente, muito simples, mas pra que tinha chegado do deserto era um verdadeiro luxo poder tomar banho com água quente. A tardinha jantamos uma pizza junto com os amigos de Naviraí e partimos ás 20hs rumo a La Paz, outra noite de sono na estrada, viajando pelas curvas perigosas dos Andes.
Decidi com o meu irmão no Bus seguir para Cuzco direto de La Paz e na volta tentaríamos fazer as cidades de Puno e Copacabana, aproveitamos e fomos para Cuzco com os meninos de Naviraí. Chegamos a La Paz e como estávamos em grupo decidimos em grupo ir para o Albergue República para tomar um banho e descansar um pouco, para partir naquele dia mesmo rumo a Cuzco, comprei outro cartão de memória, porque não funcionou um dos que tinha levado então faltaria memória, isso não estava nas contas mais tive que gastar uns 50 reais pelo cartão novo, pra mim ficar sem maquina fotográfica é só se não tiver escolha, nesse caso preferi perder e comprar mesmo mais caro de que o valor real, mas valeu a pena o cartão até hoje está em pleno funcionamento, caso deixasse pra comprar nas outras cidades pagaria o dobro. Não fique com dúvidas, com certeza La Paz será a maior pechincha que encontrará na Bolívia e Peru, lá os produtos são os mais baratos da viagem, principalmente é o Dutty Free mais barato, passamos pelo de Lima e do Brasil, porém o da Bolívia foi imbatível verdadeiras pechinchas principalmente as bebidas alcoólicas, porém é pequeno não tendo tantas variedades!
Por volta das 20hs embarcamos rumo a Cuzco e chegamos após 12 longas horas de viagem, que já tinha aprendido que o melhor remédio seria o famoso Dramim (remédio para enjoo, também conhecido pelo sono como reação), assim passei a dormir nas noites de viagem em bus, acordei apenas para passar nas fronteiras, e deixo a dica: “Fique muito atento nas passagens pelas fronteiras, caso tenha alguém querendo ajudar evite, faça tudo, preencha a ficha e vá ao balcão, não aceite colocar produtos em suas mochilas por desculpa nenhuma, muitas vezes passageiros tentam colocar produtos nas bagagens, mas repito recuse e faça cara feia”. Caso alguém o ajude precisara pagar não se esqueça e caso queira já negocie o preço antes, acontece muito de crianças nas portas querendo preencher as fichas da Imigração para você, apenas lembre terá que pagar, no mais são apenas crianças muito carentes.” Outra dica: “Não perda o documento que apresentou na Imigração na entrada e saída e o papel que vão te entregar, caso perda estará a mercê dos agentes.”
Por isso já falei o Mochilão é para quem tem responsabilidade e está sempre esperto, caso não seja, poderá entrar em problemas. É duro dizer isso, mas o mundo em locais super carentes financeiramente acaba com muitos traços de possíveis compaixões por turistas, por isso fique sempre atento, agora caso não queira tantas preocupações faça um pacote.
Tínhamos reservado no Hostal Loki em La Paz as nossas estadias em Cuzco, quando chegamos a Cuzco perguntamos a um taxista que disse que ficaria 20 pesos peruanos que dividimos para 5, fizemos a troca de uns poucos pesos e partimos, o táxi é super barato, ainda mais quando está em grupo, porém, não se esqueça de fechar o preço antes de entrar no carro. No Hostal Loki esperamos um pouco que estava limpando e já fomos para os aposentos, conseguimos um quarto de 6 e estávamos em 5, então ficamos tranquilos, como já nos conhecíamos, isso na verdade é uma das recomendações tente evitar ficar em quartos com muitas camas, que será uma questão de sorte dormir bem ou não, Embora não impedirá ficar acordado nas baladas das madrugadas que tem no Hostal Loki, entretanto o meu estilo quando estou nos mochilões é mais conhecer lugares e pessoas nos lugares onde estou conhecendo, resumindo balada eu não curto muito, não vejo diferença, acho toda balada igual, porém isso é opinião pessoal cada um com a sua. Posso dizer pelo que conheço de balada que é um ótimo albergue, com um bom bar balada e bons funcionários (as).
Plaza de las Armas - Cuzco/Peru +Sempre Mochilando
Ainda estava querendo fazer a trilha Inca de 4 dias e 3 noites, mas desde o começo da viagem quando nos primeiros 5 dias a febre me acompanhou, eu sabia que não estaria 100%, o meu irmão que é meu parceiro já tinha decidido que não faria desde que seu intestino não reagiu bem a alguma comida, os meninos de Naviraí estavam decididos a ir, então acabei decidindo não fazer pelas minhas condições de saúde devido a gripe que me deixou fraco, fiquei muito chateado e já tinha discutido varias vezes com meu irmão, mas acabei me lembrando que sobraria dias para conseguir conhecer Puno e Copacabana, afinal tínhamos passagem de avião de volta de La Paz usada como estratégia para ganhar mais dias de Mochilão, então me alegrei que sabia que conheceria outros visuais também provavelmente fantástico, conforme o que os Mochileiros já tinham adiantando.
Então saímos para pesquisar e fizemos o pacote para subir até Machu Picchu pelo próprio Loki, já que não iríamos à trilha não quis fazer os caminhos alternativos, porém, são muito mais barato e recomendo pra quem tenha mais tempo, eu preferi gastar mais para conhecer as duas cidades do Lago Titicaca, que com os conselhos dos mochileiros não conseguimos chegar a um consenso em qual escolher, então decidimos por conhecer as duas.
Tem outras opções para chegar à cidade
de Águas Calientes via hidrelétrica, sai mais barato embora seja mais
demorado, porém vale a pena pesquisar, tem vários mochileiros que passam o
passo-a-passo via site do www.mochileiros.com.
O pacote saiu aproximadamente uns R$500,00, com tudo incluso, foi de longe o mais caro do passeio, a trilha sairia um pouco mais barato, cerca de R$400,00 na trilha alternativa, para fazer via trilha Inca tem que ser reservado com um ano de antecedência pelo grande número de turistas na espera. Fechamos para saída sem ser no próximo dia, para o outro.
Conhecemos Cuzco e passeamos muito
pela cidades e seus museus, sinceramente não vou recomendar museus, acho muito
pessoal, porém o Museu Inca é muito bacana, o melhor mesmo é passear na cidade sem rumo, a
cidade é linda!
No dia seguinte acordamos bem cedo e já com a mochila pronta desde o dia anterior partimos, conhecemos duas pessoas maravilhosas na recepção aguardando o embarque e as orientações, se chamam Fleur e Rogier, irmãos holandeses, o Rogier para nossa sorte hablava em espanhol fluente, os dois próximos dias passamos juntos. Logo fomos para o ponto onde aguardamos o transporte para a cidade de Ollantaytambo, chegamos após umas 4 horas de viagem, chegamos amarelos de fome e fomos almoçar, pelo horário do embarque do nosso trem rumo a Aguas Calientes não tivemos tempo de conhecer as ruínas da cidade de Ollantaytambo, uma pena, parecia lindo e grandioso, vimos varias pessoas subindo o morro. Apesar de que era pago e já estávamos com o sinal de atenção ligado para o dinheiro, afinal, este último pacote para Machu Picchu foi altamente oneroso financeiramente.
Trem rumo Aguas Calientes/Peru +Sempre Mochilando
Embarcamos no trem rumo a Águas Calientes que é luxuoso, para os meus padrões é lógico, mas o melhor é o visual dos Andes que é lindo, muito bacana, levou mais ou menos 2 horas, é super tranquilo e bem ventilado, chegamos à cidade já estava anoitecendo, com um clima totalmente diferente de Cuzco, fazia calor à noite e tinha muitas Montanhas cercando a cidade com muita vegetação, parecia uma cidade que só é vista em filmes, fomos para a pousada que apesar de simples, era super confortável, ficamos no mesmo quarto e já tínhamos conversado muito o que nos deixou muito alegre, afinal não tínhamos ido pela trilha, entretanto ali iniciamos uma amizade que não abriria mão, não querendo menosprezar a grandiosidade da natureza e da trilha feita pelos Incas, mas os laços humanos são espetaculares, ainda mais nesse caso que foi por culpa do destino.
Visual de dentro do trem +Sempre Mochilando
Jantamos e conversamos com o guia que nos acompanharia no outro dia, tomamos uma cerveja e conversamos muito sobre tudo, o Rogier nos contou que já estava vindo desde o Panamá, e nos detalhou os caminhos por onde andou, um verdadeiro peregrino de mochila, afinal, viajar é uma peregrinação, onde o conhecimento multi disciplinar é o objetivo.
A caminho do Portal de Machu Picchu +Sempre Mochilando
Fomos dormir, para variar acordamos cedo, a Fleur e o Rogier acordaram mais cedo ainda e foram a pé para Machu Picchu, eu e meu irmão decidimos ir de Van custou mais U$17,00, queria ter energia total para caminhar por Machu Picchu. Pegamos a Van e na chegada encontramos com o guia no Portão e subimos já todos, inclusive uma uruguaya muito legal, o problema é que ela falava muito rápido e era um pouco difícil entender, tínhamos a conhecido na pousada, estava sozinha e esbanjando alto astral, muito gente boa.
Quando estava me aproximando junto com toda aquela galera ao ponto que podemos visualizar toda cidade de Machu Picchu, cheguei a me perguntar se estava realmente próximo do momento mais alto da nossa viagem depois de passar por vários tipos de visuais que nos impressionaram?
A impressão que tive foi aquela de emoção sem conseguir esboçar palavras, vi que todos mantinham um silêncio enorme como um tremendo choque de como aquele visual ficou tão lindo, é o verdadeiro contraste de natureza e obra humana, é espetacular, a sensação é de mais mais mais do que eu esperava, é realmente lindo, um local escolhido como diria os Incas pelos Deuses e estrategicamente bem posicionado, está exatamente entre varias montanhas de floresta densa. O visual da montanha que forma um rosto a frente da cidade Machu Picchu, é mais do que posso expressar, com certeza, maravilhoso conhecer aquele lugar, também me senti obrigado a voltar lá, que vou confessar poucos lugares me fizeram ter a vontade de retornar, não porque não gosto, mas porque acredito que sempre outros lugares eu tenho para conhecer, porém este local realmente eu voltaria sim em outros mochilões, lógico que em trajetos diferentes.
Machu Picchu +Sempre Mochilando
O guia começou a nos passar informações da cultura Inca e de como foi construído a cidade Inca de Machu Picchu, registramos com fotos e vídeos o que conseguíamos e nas direções que imaginávamos, como se fosse as mais belas, mas, sempre surgia uma melhor e assim foi, tirei pelo menos 400 fotos somente lá.
Com Fleur e Rogier +Sempre Mochilando
A cidade de Machu Picchu +Sempre Mochilando
Caminho INCA +Sempre Mochilando
Trilha Inca +Sempre Mochilando
Realmente é único e toda pessoa tem que conhecer tal visual com mescla de cultura intelectual e natureza exuberante, que tirando os clichês das novelas é excitante.
Andamos muito pela cidade sob o sol
escaldante da Selva, não fizemos a subida das montanhas Hyanna Picchu e Machu
Picchu, tínhamos o ticket para ir na mais acessível, mas meu irmão não queria ir de jeito nenhum
então, acabei novamente não indo, entretanto por outro lado gostei novamente por ter
agora além da trilha mais dois motivos pra voltar lá! Isso varia de
pessoa-para-pessoa, se quiser só curtir a cidade vale muito a pena.
"Realmente é único e toda pessoa tem
que conhecer tal visual
com mescla de cultura intelectual e natureza exuberante". +Sempre Mochilando
Acabamos o almoço e fomos até as
piscinas termais que sabíamos que os irmãos holandeses também estavam curtindo,
o ingresso é barato, seguindo a regra da Bolívia e Peru.
Águas Calientes/Peru +Sempre Mochilando
Águas Calientes/Peru +Sempre Mochilando
Chegamos a Cuzco já era
aproximadamente 00hs e já tínhamos pensado nisso e deixado reservado, ficamos e
um quarto de 4 camas e agora era somente eu e meu irmão, foi tranquilo tinha
duas meninas, mas pra falar a verdade o cansaço era grande demais, acabei nem
vendo mais nada a noite inteira, literalmente capotei!
Combinei com meu irmão de passar o
outro dia em Cuzco, conhecer mais um pouco a cidade e ir à rodoviária comprar
passagens para Puno, assim fizemos. Andamos bastante, posso dizer muito,
porque até a rodoviária é bem longe e fizemos andando, na volta pegamos uma Van
até a Plaza de las Armas, a dica é
sempre entender no mapa onde está a praça das armas nas cidades latinas
colonizadas pelos espanhóis, sempre tem uma com tal nome. Compramos a
passagem para o dia seguinte, para viajar dessa vez de dia para ver a natureza
e tal, exigência do meu irmão que não aguentava mais viajar de madrugada
dormindo em bus cama.
Ônibus na Bolívia e Peru para turistas são muito baratos e confortáveis apesar dos motoristas serem loucos ambulantes por aquelas curvas torcendo todo o caminho pelos Andes.
Acordamos cedo para pegar um taxi, por
causa dos mochilões não daria para entrar nas lotações no horário de pico, quando
descemos também estava o peruano Juan da cidade de Tarapoto, que também queria
um táxi, logo, ele nos perguntou se estávamos indo para a rodoviária, e ai
fomos juntos no mesmo taxi, conversamos e ganhamos outra amizade, isso valida qualquer viagem como bela, a
amizade vai amolecendo o coração de qualquer humano, sem dúvidas!
O nosso mais novo amigo pagou a taxi e impediu que ajudássemos,
conversamos um pouco na rodoviária e embarcamos, o Juan seguiu para sua cidade
Tarapoto localizada na Amazônia peruana.
Foi muito bom fazer a viagem de Cuzco até Puno de dia, passamos pela cidade de Juliaca e teve uma parada aos 4.235 metros de altitude, na entrada de Puno em um lugar de visual lindo, com alguns poucos indígenas com vendas de artesanatos, visual da criação de animais da pequena tribo e das montanhas congeladas.
Puno/Peru +Sempre Mochilando
Na chegada em Puno após cerca de 7 horas de viagem, vimos o Lago Titicaca, poucos minutos, pois, já estava à noite. Fomos para o Hostal Puma, o Juan tinha nos indicado, tinha nos dado mais algumas dicas que estávamos acumulando desde o inicio do mochilão, o local é bem simples e se trata de um casal de idosos muito simpáticos, o taxi segue os mesmos padrões, barato, mas é preciso fechar o valor antes de entrar, assim é mais seguro. Chegamos e descemos para jantar, a cidade é bem populosa, porém é muito fria, fica de frente para o Lago, percebemos que a noite não é tão amigável para ficar perambulando, então comemos e compramos e que precisávamos de bolachas para o passeio no outro dia que queríamos fazer até as Ilhas Artificiais da comunidade de Uros.
Jantar em Puno/Peru +Sempre Mochilando
Na rodoviária sempre tem alguém querendo fechar pacotes turísticos, mas é sempre mais caro, fechamos no próprio Hostal que o Juan já tinha nos avisado que seria possível e com bons preços, de fato foi, fechamos o passeio no outro dia ás 08hs para as Ilhas Flutuantes e já compramos a passagem para Copacabana cidade boliviana de frente para o Lago Titicaca que também estava nos meus planos.
Acordamos ás 07hs e tomamos o café da
manhã, que já estávamos totalmente acostumados depois de mais de 15 dias aos
chás, bolachas, e etc...
Lago Titicaca/Peru +Sempre Mochilando
Quanto mais viajo pela América do Sul
percebo que somos irmãos não só de sangue, mas de todos os problemas sociais
inerentes as nossas vidas!Ilha Uros em Puno/Peru +Sempre Mochilando |
Barco na Ilha Uros em Puno/Peru +Sempre Mochilando
Taxi Moto da Ilha Uros em Puno/Peru +Sempre Mochilando
Taxi Moto da Ilha Uros em Puno/Peru +Sempre Mochilando
Voltando a Puno, acordamos bem cedo e
depois daquele banho gelado que parecia me transformar em pedra de gelo, estava
até mais inteiro, porém como sabia que seria viagem de barco, acabei tomando um
remédio para enjoo de nome Dramin, que por outro lado tem como efeito colateral
o sono, me arrependi bastante de ter tomado, afinal, o passeio de barco foi
tranquilo, nem se comparando a escuna na travessia de Salvador para Morro de
São Paulo na Bahia, acabei ficando com vontade de bater a cabeça na parede, o
sono parece que me consumia, mas teve algo que mudou esse erro meu.Conhecemos as Pernambucanas Luciana, Karla e Gabriela que como já dizia o bom poeta Luiz Gonzaga “Mulher tem que ser igual tropeção, tem que colocar o homem pra frente.” E realmente a amizade das meninas de sorrisos nos rostos e educação simpática contagia qualquer ambiente, assim ninguém é melhor do que as mulheres nordestinas, acabei esquecendo o sono e aproveitando o passeio.
Amigos em Ilha Uros em Puno/Peru
Quando passamos no barco sem motor para outra ilha conhecemos mais dois brasileiros, um casal de Mato Grosso do Sul, também o garoto boliviano Richard morador da ilha, nos acompanhou e foi para o colo das meninas, descalço e gripado que mostrava no seu nariz já irritado, enfrentando aquele frio incessante, misturado ao sol que demonstrava na sua pele queimada, nos levou a pensar como se estivéssemos apenas mostrando algo novo aos visitantes, que de troca nos embala o mais belo sorriso para eternidade dos nossos sonhos, assim Richard o fez, nos levou para conhecer as trutas criadas em cativeiros pelos seus pais.
Tiramos varias fotos e cultivamos a amizade da maneira mais linda possível, aquela sem malícias e sim com vontade de engrandecer o próximo, nem que seja com o sorriso, tão raro nos dias das cidades.
Retornamos para a cidade de Puno e fomos almoçar, demorou um pouco, mas conseguimos, estávamos com pressa por causa do ônibus que nos levaria para Copacabana que sairia ás 17hs, voltamos ao Hostal e pedimos um taxi para ir até a Rodoviária. O Hostal Puma fica na parte alta da cidade, então tem uma ladeira bem íngreme para chegar lá, tem varias motos de poucas cilindradas que fazem o transporte no estilo moto taxi, só que elas têm uma cobertura, aumentando ainda mais o peso, resolvemos andar em uma daquelas para voltar ao Hostal, que grande aventura, foi bem engraçada aquela motinha tentando subir a enorme ladeira, na metade tivemos que descer, o motorista perguntou se precisava ir até o cume, demos risada e descemos ali mesmo, às vezes pensava que o motor daquela mobilhe-te melhorada poderia explodir.
Despedimo-nos do casal donos do Hostal Puma e partimos no ônibus turístico da viagem de Puno a Copacabana de pouco mais de 4 horas, não era dos mais confortáveis, era bem simples e tinha direito a ir inalando a fumaça da queima de diesel e óleo, mas estava cheio de turistas mesmo, logo avistei a amarelinha, a camisa da seleção brasileira, precisávamos de uma caneta para preencher o papel da imigração boliviana para passar de novo pelos postos imigratórios entre Peru e Bolívia, fui direto e solicitei ao jovem com camisa de brasileiro que estava hablando em español com uma tica, de pronto ele emprestou e perguntou se a gente era brasileiros também, ali conhecemos o mineiro Renato, conversamos um pouco e já entendemos que se tratava de um mochileiro sem fronteiras, estava vindo da Colômbia e Equador, conversamos um pouco e também conhecemos um casal espanhol super simpáticos.
Na chegada conhecemos a família
chilena dos irmãos Annia e Carlos e seus pais, todos de grande simpatia. No
ônibus tinha um rapaz de um hotel em Copacabana, parecia boa a proposta e o
hotel pela foto parecia bom, mas decidimos descer e conferir, fizemos
juntos, desta vez de novo em grupo, agora em 7 pessoas, pesquisamos em alguns
hotéis e a melhor proposta foi a do hotel do promoter do bus, decidimos ficar
lá mesmo, estávamos posicionados de frente para o Lago Titicaca e o nosso
quarto estava de frente também, muito confortável, com ducha quente e amplo
espaço.
Acertamos o passeio no próprio hotel para a manhã do outro dia, rumo à famosa Ilha do Sol, o preço foi barato cerca de 10 reais. Saímos à noite para comer uma pizza e conversar sobre as aventuras pelos mochilões, o nosso amigo Renato já viajou por muitos países, foi aquela conversa boa e construtiva regada as risadas típicas dos brasileiros. A cidade de Copacabana é turísticas, mas muito simples, então já saiba que é um pequeno vilarejo boliviano.
Perdemos o rumo tentando achar o final do Lago Titicaca, é um lago e mais parece mar, exalando sua beleza de azul infinito, demonstra a sua força e seu tamanho, para deixar em aberto os extremos das belezas fomos contemplados com um belo por do sol!
Ainda em acima dos 3.800 metros de
altitude e com o frio e vento cortante, sabíamos que o dia seria de sol e frio
ao mesmo tempo. Acordamos cedo para o café da manhã e partimos no barco,
conhecemos a venezuelana Gabriela e sua mãe, e passamos o dia juntos, entre
bolivianos, brasileiros, chilenos(as) e venezuelanas não preciso nem dizer o
quão especial foi, maravilhoso conviver com irmãos de tão próximo e de tão
longe, tendo a oportunidade de compartilhar as alegrias e pontos de melhoria da
América do Sul.
O barco tinha algumas bolivianas tradicionais (as Cholas), desceram em uma parada antes da ilha do sol, chegamos a Ilha do Sol, onde ficaríamos até o retorno para Copacabana.
Andamos pelas montanhas da ilhas do Sol, ilha que segundo a tradição Inca é o berço de sua expansão e dali teria saído a força para tal magnitude e tamanho da cultura Inca.
Lago Titicaca em Copacabana/Bolívia +Sempre Mochilando
Os visuais no topo das montanhas são sensacionais, mas preparasse para andar muito subindo escadas e andando entre as trincheiras feitas na montanha, entretanto o visual vale a pena, também conhecera o modo de vida das pessoas que ali vivem, não estranhem as criancinhas e demais pessoas pedindo dinheiro após algum contato, mesmo com a injeção financeira dos turistas e do turismo, a situação econômica e meios de sobrevivência permanecem sendo os rudimentares.
Retornamos no final da tarde e fomos regados a cansaço e papos engraçados com as caricaturas que meu irmão Juan fazia que fez os nossos mais novos amigos chorarem de rir, na chegada trocamos contatos, os amigos Chilenos voltariam para Santiago e no mesmo dia nosso amigo Renato partiu rumo a La Paz, passamos as dicas de passeio e ida obrigatória ao Salar e Deserto de Uyuni, eu e meu irmão decidimos partir no outro dia, afinal queríamos retardar nossa chegada à poluição da capital mais alta do mundo e tínhamos tempo, afinal agora era somente retornar para voltar para o Brasil via aeroporto de La Paz.
No outro dia lá pelas 13hs partimos rumo a La Paz, depois do almoço aquelas curvas me deixaram amarelo, mas teve uma parada para passar de balsa o Lago, descemos do bus e fomos a um barco com outros turistas europeus, que na época estava cheio, devido às férias europeias de agosto, uma delas olhava pra mim e ria voltando o olhar para os buracos no barco, eu também dava risada. O nosso barco estava com o fundo cheio de buracos e sacolejava com muita violência nos golpes violentos do Lago Titicaca, quando chegamos eu já estava mais amarelo do que nas curvas, até preferia voltar para as curvas só em pensar naquela água gelada do lago.
Acompanhamos o bus vindo de mini balsa lentamente, não saia da minha cabeça as mochilas estavam lá e o risco de perder era enorme, como já se aproximava das 16hs o vento fazia o Lago balançar muito forte, porém acabou tudo dando certo e voltamos para o bus, as curvas, motoristas loucos, cheiro de diesel e óleo queimado.
Lago Titicaca lado da Bolívia +Sempre Mochilando
Conseguimos um quarto no Hostal República o mesmo que tínhamos ficado nos dias que passamos em La Paz, na recepção estava à boliviana Maria, muito simpática e bonita, fiquei conversando com a mesma, é fator comum dos bolivianos sempre ter algum parente em algum outro pais das Américas, conversamos muito sobre tudo e descobri uma linda menina cheia de anseios e preocupações que também é típico dos jovens. Para surpresa sua mãe chegou para buscar, ela saia ás 22hs e morava em um bairro distante, tomei um susto porque já sabia de como são reservados os bolivianos, mas logo percebi que se tratava de uma mãe extremamente preocupada com a segurança e futuro de sua filha, conversamos bastante sobre varias coisas e a senhora demonstrou ser extremamente rígida, então levei a conversa para um lado mais leve e sutil, na conversa percebi o descontentamento da senhora com os jovens dos nossos tempos, provavelmente por isso o seu tom questionador, se trata de uma pessoa muito legal, aumentando assim a minha rede de conhecimento, agora até mesmo com os bolivianos de cultura extremamente reservada já estava conseguindo conversar e trocar experiências culturais.
De manhã me despedi da Maria rapidamente e partimos rumo ao aeroporto de La Paz, estávamos estressados, por causa de alguns relatos que já tinha lido nos sites de mochileiros e uma amiga que sofreu muito na revista policial do aeroporto antes do embarque, então seguimos de taxi que nos cobrou 40 pesos, o aeroporto é distante por isso fica mais caro.
Fomos almoçar e depois seguimos para o embarque, o aeroporto de La Paz é muito pequeno, para revista tinha uma fila enorme, se tratava de uma revista depois de registrar a saída no boxe da imigração, um policial aduaneiro chamava um de cada vez, tirava as coisas da mochila de mão e perguntava com tom questionador, na nossa vez eu fui primeiro e abri a mochila, o policial começou a olhar e perguntou o que fazia na Bolívia, respondi que estava a turismo, ele sorriu e perguntou aonde tinha ido na Bolívia, logo comecei a falar que tinha conhecido a Estrada da Morte e o Salar de Uyuni juntamente com meu irmão e apontei para ele, eram lugares muito lindos, e sempre com o sorriso e tranquilidade demonstrando que não estava devendo nada, ele chamou meu irmão e em menos de cinco minutos estávamos liberados e sem maiores problemas, também sabia que a revista nas mulheres é mais rigorosa por ser comum a utilização das mesmas para transportes ilícitos, realmente o nosso foi super tranquilo, o policial até sorria enquanto conversávamos. Mas não deixei de perceber que realmente existem os boxes para deixar as mulheres nuas para as revistas.
Passamos pelo Dutty Free boliviano e não tenha dúvida são os melhores preços que encontrará na região entre Peru e Brasil, o nosso voo tinha escala no Peru então deixamos para ver os preços de algumas coisas no Dutty Free peruano em Lima, mas nos arrependemos muito, os preços bolivianos são imbatíveis em tudo, o brasileiro nem se fala é o mais caro e sem noção, não vale a pena comprar, ali se identifica também a má fé de muito empresários brasileiros, que mesmo com menos impostos permanece querendo lucros abusivos.
Embarcamos de volta ao Brasil após as preocupações e aventuras pela Bolívia e Peru, renovados e mais humanizados com certeza, assim, me apaixono cada vez mais por embarcar e encarar novos mochilões pelo mundo. Assim espero ter deixado a semente no coração de cada leitor, semente da humildade, emoção, prazer, paixão e tudo o de belo e engrandecedor do humano, que sabe fazer o bem e entende que o mal pode ser transformado em boas ações, do mesmo jeito que até nos corações mais apagados é possível reacender a chama do amor por aquilo que se gosta de fazer, que no meu caso é viajar, viajar e viajar, tanto na prática como no campo das ideias, fazendo meus raciocínios delirarem como um filósofo sem fronteiras, mergulhado em meio aos mais diferentes ambientes.
Segue abaixo um vídeo que fiz com algumas fotos da viagem:
Relato e Vídeo do mochilão feito no mês de Agosto/2012, pelos irmãos Jeferson Nascimento e Juan Nascimento.
Aos amigos feitos no roteiro um grande abraço e que nossas amizades se eternizem!
Por Jeferson Nascimento